O ron ron do gatinho

Então eu chorei, gritei, até não conseguir mais, pra falar a verdade, me forço a não pensar, porque sinto falta de cada pêlo, cada miado, cada arranhão e mordinha de brincadeirinha.

Meus dias sozinha em casa se tornaram mais solitários, foi como perder um ente querido, não, eu perdi um ente querido, você nunca vai entender minha dor, ela não me estressava, me acalmava, era mais importante que qualquer coisa que eu me lembre, era um vinculo recíproco de gratidão, não importa o quanto eu estava triste ou com raiva, ela pulava no meu colo e eu sorria.

Eu sempre estive triste, sempre fui uma pessoa triste e solitária, não importa quantas pessoas estajam ao meu redor, há algumas que me proporcionam momentos de alegria indescritíveis, mas ela não precisava fazer nada pra me fazer feliz, era apenas o fato de estar lá, respirando, pedindo carinho e ouvir seu motorzinho roncando quando eu dormia que me fazia sentir útil, responsável, frágil como ela.

Por favor, não tente me consolar.

Então, depois de meditar, esvaziar sentimentos de ódio e tristeza, TENTAR esquecer, dar uma volta, tentei dormir sem o ron-ron no meu ouvido, sem seus pulos sobre o lençol, levantei tomei um copo d'agua e eis que ela estava lá, cheia de carinho para me dar, dando voltas entre minhas pernas, pedindo colo... Afinal, gatos não tem 7 vidas?

Consegui finalmente dormi no seu colo, a senti deitar-se ao pé da cama, então adormeci, pensando que ela tinha voltado, até mesmo sonhei com ela, brincando e  deixando-me com novas cicatrizes de arranhões e mordidinhas de amor, mas quando acordei me dei conta de que tinha partido novamente, mas, até quando? Como dormirei esta noite?

C. Lima.